Brasília, a capital do rock

Foto por: dopropriobolso.com.br

Uma das marcas de Brasília é ser considerada a “capital do rock”. Mas esse título não vem do nada, não representa apenas uma fase e não está descolado de um contexto social e político engendrado a partir da construção da nova capital.
Fomos atrás desta história para contá-la nos mínimos detalhes. Neste primeiro momento, nos concentramos nas décadas de 1960 e 1970, período de formação não só de Brasília em si, mas, em uma escala mais ampla, também do Distrito Federal.

Foto por: dopropriobolso.com.br

Brasília, a capital do rock

Uma das marcas de Brasília é ser considerada a “capital do rock”. Mas esse título não vem do nada, não representa apenas uma fase e não está descolado de um contexto social e político engendrado a partir da construção da nova capital.

Fomos atrás desta história para contá-la nos mínimos detalhes. Neste primeiro momento, nos concentramos nas décadas de 1960 e 1970, período de formação não só de Brasília em si, mas, em uma escala mais ampla, também do Distrito Federal.

Nossa pesquisa:

Nossa pesquisa apontou 3 pontos importantes para compreender o contexto que forjou Brasília como capital do rock:

A nossa pesquisa bibliográfica apontou duas obras como principais referências para compreender esse início da cena roqueira brasiliense: o livro Do Peixe Vivo à Geração Coca-Cola, de Fátima Bueno, e a tese de doutorado defendida na UnB do renomado músico Clodo Ferreira, intitulada Impressões Digitais e Independência: os CDs (in)dependentes de Brasília (1990-2007). Estes dois textos trazem informações valiosas sobre o período que marca a gênese do rock brasiliense.

Além da pesquisa bibliográfica, fizemos também um podcast contendo entrevistas com a própria Fátima Bueno, e também com outras três figuras que são parte da história do rock brasiliense: Ari de Barros, fundador do festival Ferrock, Marcos Pinheiro, radialista fundador do programa Cult22 da Rádio Cultura e Paulo Kauim, autor do livro Rolla Pedra: Arte e utopia sob as nuvens de chumbo, podcast que será publicado em breve.

A importância das rádios

A importância dos festivais

A importância da cidade de Taguatinga

A importância das rádios

A importância dos festivais

A importância da cidade de Taguatinga

Então se prepare e entre nessa jornada

1960-1980

A formação da paisagem sonora da nova capital

Primeiro show dos Infernais, realizado no Brasília Palace Hotel em 1966. Foto: Eldir Coelho fonte: historiasdebrasilia.com

Durante a década de 1960, a TV começa a ganhar bastante força, mas o rádio ainda era o principal meio de comunicação de massa no Brasil. E como Brasília seria a nova capital do país, várias rádios se instalaram no Planalto Central. Segundo Fátima Bueno, as rádios Nacional, Educadora, Alvorada e Planalto disputavam a audiência e veiculavam a música que estava estourada no momento: Beatles e Jovem Guarda.

Sob esta influência musical, começaram a surgir as primeiras bandas, que inicialmente faziam covers

Os Reges, Os Infernais, The Good Boys, Os Primitivos, Os Geniais, Os Quadradões, The Golden Stones, Os Fantásticos, Matuskela. A banda Os Quadradões, da qual Clodo Ferreira fazia parte, foi a primeira banda a gravar um disco independente na capital. E estas bandas todas tiveram apoio de divulgação tanto nas rádios como nas TVs locais, algo que foi fundamental para sedimentar uma cena roqueira, ainda que embrionária.

Fonte: Foto 1: senhorf.com.br, foto 2: senhorf.com.br, foto 3: cbn.globoradio.globo.com

UNB, uma outra frente

foto: Acervo UnB, Flickr.com

Entre 1963 e 1965 o Departamento de Música da UnB vive curto e fulgurante período em que mestres músicos oriundos dos movimentos de vanguarda aportam na cidade, a convite de Cláudio Santoro.

foto: Acervo UnB, Flickr.com

Maestro Claudio Santoro rege Orquestra do Departamento de Música, em apresentação no Restaurante Universitário, na década de 1960. Foto: Acervo Fotográfico/AtoM UnB

A instituição passa a ser referência nacional no ensino superior em música”, afirma Bueno. É desse grupo que sai o maestro Rogério Duprat, que viria a se juntar com os músicos baianos para fundar o movimento tropicalista.

a Tropicalia surge

Mas é também na UnB que viriam aacontecer os primeiros festivais, nos quais se destacava o espaço que o rock ia ocupando e de onde saíram músicos consagrados da música brasileira, como Fagner e Oswaldo Montenegro.

No Campus do CEUB, Raimundo Fagner Candido Lopes, aluno de Administração da UnB,
é o vencedor do Festival de Música Jovem-71. Fonte: Correio Braziliense, 8 de junho de 1971.

A partir da UnB, irradia-se uma onda de festivais, que passaram a acontecer também no Centro de Ensino Médio Elefante Branco (CEMEB), no centro universitário UNICEUB, no colégio Objetivo e também no SESI e no SESC. Mas o mais longevo e popular dos festivais foi o lendário Concerto Cabeças, que acontecia na comercial da 311 sul.

Foto: Universidade de Brasília

A nascente rockeira

Estes festivais revelaram várias bandas que se destacaram na nascente cena roqueira.

Banda Mel da Terra Fonte: brasilia.memoriaeinvencao.com

Como Margem, Bueiro, Portal, Mel da Terra, Liga Tripa e Marciano Sodomita.

Foto: Universidade de Brasília

Descentralização

A despeito da centralidade do Plano Piloto para a constituição desta cena, Taguatinga foi de suma importância.

Em outras palavras, o rock brasiliense não seria o mesmo sem a participação desta cidade, que, longe dos holofotes e do aparato repressivo da ditadura, permitiu que a criatividade dos artistas aflorasse com um pouco mais de liberdade.

Do ponto de vista da música, os anos 1960 marcam a fase adolescente da arte local, tendo as cidades satélites como os polos de produção, enquanto o Plano Piloto detinha o poder da divulgação”

Tanque circulando em Brasília durante a ditadura militar Fonte: Arquivo Nacional

A história não acaba aqui, continue nos acompanhando...